27 setembro 2007

Enclausurados


Dias que se amontoam na construção de uma vida, e que, simultâneamente, vão constituíndo algo a que mais tarde se virá a chamar passado. É este o pensamento da maior parte da 3ª idade em Portugal. São actores da vida real em que os bancos de jardim ou os cafés são o palco que necessitam para fazerem o seu dia-a-dia tormentoso. Conversas de ontem com novas palavras e reformulações, tentam esconder as rugas e ao mesmo tempo servem de desabafo. Dessas conversas, a que mais se repete é a do "estado do país", estado esse que se reflecte nas suas pensões e que os relega para uma vida baseada no mínimo e indispensável, estabelecendo uma barreira que não os deixa ultrapassar a condição de miseráveis. E é esta condição de miseráveis a que estão confinados, que não lhes permite chegarem ao fim do dia e celebrar mais um dia de vida bem passado neste mundo; permite-lhes apenas celebrar menos vinte e quatro horas de existência, num país triste que os amarrou.

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